Professores, aposentados e sindicatos de trabalhadores fizeram passeatas em pelo menos seis cidades venezuelanas na segunda-feira (16) para exigir melhores salários, enquanto o governo do presidente Nicolás Maduro enfrenta novos desafios em sua tentativa de combater a inflação.
Estima-se que a inflação da Venezuela tenha atingido 305% no ano passado, segundo um grupo não-governamental de economistas que calcula indicadores na ausência de dados oficiais.
O governo venezuelano não reajusta os salários dos servidores públicos desde março do ano passado, como parte dos esforços para reduzir gastos e aumentar impostos que permitiram à Venezuela sair da hiperinflação.
Mas na segunda metade do ano passado a demanda por moeda estrangeira ultrapassou a oferta semanal de dólares disponibilizada pelo banco central, e o bolívar se desvalorizou ainda mais.
O salário mínimo mensal de um professor de escola pública é de cerca de R$ 51, enquanto os professores universitários ganham entre R$ 309 e R$ 412.
"Nossos salários são uma ninharia. Ganho 460 bolívares por mês (cerca de 23 dólares)", disse Odalis Aguilar, uma professora de 50 anos que protestou na cidade de Maracay. "Precisamos de um salário digno."
No Estado central de Carabobo, professores e funcionários públicos também realizaram manifestações, dizendo que os salários não cobrem o custo da alimentação e remédios.
"Nossa alimentação é composta de carboidratos, sem proteínas, poucos vegetais, é muito básica", disse Reina Sequera, professora da Universidade de Carabobo e principal provedora em sua família de três pessoas, acrescentando que não é possível nem comprar remédios básicos.
O vice-presidente do partido governista, Diosdado Cabello, disse em comentários transmitidos pela televisão estatal que o conflito econômico é causado por sanções impostas ao governo pelos Estados Unidos.