O Governo do Estado segue empenhado e apresentando soluções rápidas para atender as famílias que foram atingidas pelas fortes chuvas no último Carnaval, em São Sebastião. Seis meses após o episódio, dez prédios já foram edificados no bairro Baleia Verde. As construções em Maresias também estão em fase avançada. A entrega dos imóveis para a população terá início em outubro e será encerrada até o fim do ano. O investimento total é de R$ 210 milhões.
Desde o início dos trabalhos para atendimento emergencial, houve análise de área apropriada para a construção, desapropriações, desenvolvimento de projetos, trabalhos de estabilização do terreno e fundação, até chegar à fase atual, da edificação.
As dez torres, já erguidas no bairro de Baleia Verde, abrigarão 518 famílias. O conjunto será composto por 30 prédios de quatro pavimentos, 20 casas térreas, 18 unidades adaptadas para pessoas com deficiência e quatro centros de apoio ao condomínio. Os imóveis terão dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro, distribuídos em 41 m2 de área útil. Essas construções contam com a tecnologia “wood frame”, uma construção pré-fabricada na qual os módulos saem prontos da fábrica, necessitando apenas a montagem no local da instalação. Outras 186 unidades no bairro de Maresias. O sistema construtivo deste empreendimento é alvenaria estrutural. O residencial contará com quatro prédios de quatro pavimentos e dois centros de apoio ao condomínio. Com 44 m2 de área útil, os apartamentos terão dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro.
Moradias provisórias
A Secretaria já entregou 72 unidades provisórias na Vila de Passagem, no município. Também disponibilizou 300 unidades do Condomínio Quaresmeiras para o atendimento provisório destas famílias, em Bertioga. A CDHU mantém equipes em São Sebastião e Bertioga para o atendimento das famílias que viviam nos imóveis atingidos ou condenados pelos deslizamentos.
“A nossa preocupação em dar uma pronta resposta foi um alento para as pessoas que, de uma hora para outra, perderam bens e se viram em situação de fragilidade. E isso não se resume à atuação nos primeiros dias da emergência, mas se manteve na agilidade de construirmos as moradias definitivas para que esses cidadãos possam reconstruir suas vidas de maneira digna”, destaca o secretário de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Marcelo Branco.
É exatamente esta a situação de Cildomar Alves Faria, que pela primeira vez desde que emigrou da Bahia para o litoral paulista, vê mais próximo o sonho de ter uma casa própria e regular. Alojado na Vila de Passagem, em São Sebastião, Cildomar e familiares fazem parte das mais de 700 famílias que começam a receber em outubro as moradias construídas pelo Governo de São Paulo, com escritura definitiva e em condomínios fora de áreas de risco. “Tenho passado esse tempo apreensivo com tudo o que aconteceu, mas esperançoso. Disseram que nós vamos ter a nossa casa. E só vamos pagar um valor baixo por mês, mas pelo menos vou pagar uma moradia em que vou ficar o resto da vida. Desde que cheguei à cidade, trabalhei de segunda a segunda, mas nunca consegui ter algo meu”, conta. Mais de 30 quilômetros distante de onde morava, Cildomar diz que a proximidade do centro da cidade tem facilitado sua rotina, já que possui mobilidade reduzida após perder a perna num acidente de moto no final do ano passado. Agora, ele quer continuar no bairro. “Aqui, estou perto de tudo e fui muito bem acolhido”, narra. As agora amigas Sheila e Nátila também estão gostando de morar mais perto do centro. As duas, acompanhadas de suas famílias, aguardam um apartamento em um dos condomínios em construção na região. Sheila de Assis tem 25 anos e sempre morou em Cambury. Antes das chuvas, trabalhava como auxiliar de escritório em um restaurante e fazia bicos de cabeleireira. Agora, ela aguarda a entrega das casas definitivas para reorganizar a vida e voltar a atender. Ela e a mãe tiveram as moradias atingidas. Agora, as duas vão ter direito a um apartamento próprio. “Estou aliviada e poderei dormir mais tranquila. Minha casa já tinha alagado uma vez, passei três anos dormindo com medo”, conta. Nátila Gomes, de 24 anos, também vive essa espera com um misto de sentimentos. A casa em que morava era a última do morro conhecido como Tropicanga, construída abaixo do nível da rua. Agora, ela planeja procurar emprego como confeiteira para pôr em prática o curso profissionalizante que fez no mês passado. “Lá tem bastante oportunidade de emprego, posto de saúde e escola”, diz.
Vila Sahy A Vila Sahy, localidade mais afetada pela tragédia, ganhará um novo plano urbanístico, com recuperação ambiental, eliminação de riscos geotécnicos e implantação de infraestrutura para transformar o local em um bairro novo. Para auxiliar nestas ações de intervenção, o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), do Governo do Estado, está fazendo o mapeamento aerofotogramétrico com resolução de 25 centímetros da área mais atingida no litoral sul de São Sebastião. Um helicóptero com equipamento de alta precisão realizou, ainda em fevereiro, o mapeamento aéreo de 100 quilômetros quadrados, compreendendo o trecho entre Barra do Una e Boiçucanga, incluindo o morro da Praia Brava, entre Boiçucanga e Maresias. A área, já incluída no escopo dos projetos de mapeamento em andamento no IGC em prazo emergencial. Esse mapeamento possibilitou a análise da área atingida e a comparação com o mapeamento realizado pela Prefeitura de São Sebastião em 2022, que retrata a situação antes das chuvas ocorridas em fevereiro. A SDUH trabalha ainda em estudo para a construção de novos empreendimentos na região para combater o déficit em todo o Litoral, com ênfase nas áreas de risco.
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